Quero muito colocar brincos, mas meu pai não quer!

Um adolescente me enviou um email com um grande problema pedindo minha orientação:

“quero muito colocar brincos, mas meu pai não quer e irá cortar minha mesada caso eu decida colocar”.

A Antroposofia nos diz que a alma humana atua no mundo através do Pensar, Sentir e Querer.

Então através da “VONTADE”, atuamos no mundo.

Isto é o livre arbítrio.

Penso que na educação de nossas crianças devemos “delegar” esta autoridade a elas o mais cedo possível.

Nas pequenas escolhas, a decisão e a responsabilidade que vem depois devem ser treinadas para o fortalecimento de suas verdades e a construção de um “Ser Humano” íntegro.

Quando privilegiamos o consumismo e valorizamos o que está fora de nós ensinamos isto aos nossos filhos, esquecendo o “Eu interno”.

Então construímos um ser dependendo dos pais, com uma personalidade fraca, com baixa autoestima e autoconfiança.

Quando uma criança passa pela adolescência, grandes mudanças internas e externas acontecem. Inicia uma fase difícil para ela em que precisa provar que consegue ser capaz de ir bem na escola, arranjar uma namorada, ter amigos, ser aprovado pela sociedade em que convive, etc.

Uma simples decisão de um menino colocar um brinco na orelha é uma decisão difícil quando não está acostumado a tomar suas próprias decisões.

A coisa complica quando os pais querem impor sua vontade e quando o adolescente não quer obedecer, os pais impõem castigos.

Penso que não é a maneira certa de se lidar com a situação.

No caso em que o adolescente tivesse uma personalidade forte, com elevada autoconfiança e autoestima, tomaria a decisão de acordo com sua vontade e pronto!!!

Os outros que se danassem

Então como os pais podem construir esta personalidade íntegra, com valores humanos, e dono das rédeas de sua vida?

1º.) Eles devem ter um olhar aos filhos de “RESPEITO E MUITO ORGULHO”. Por eles serem o que são.

Mas primeiro os pais tem que sentir isto por eles mesmos.

2º.)Delegar o livre arbítrio aos filhos aos poucos e a partir dos seis anos.

Em nome de um mundo perigoso e a principio ser mais fácil, posterga-se delegarmos a autoridade para decidir pequenas questões no dia a dia das crianças. Esta atitude faz com que ela não vivencie esta importante prática para o fortalecimento de sua própria personalidade.

O outro lado do pêndulo também tem que ser evitado, quando as decisões que as crianças tomam não é a correta, devemos explicar o porque e decidir da forma que os pais achem certo. Com o tempo a criança irá perceber que os pais tinham razão.

3º.)Educar  a vontade.

Manter a vontade acesa dá vitalidade ao homem.

Conseguimos isto satisfazendo nossas vontades.

Quanto mais diferentes experiências forem vivenciadas, poderemos saber o que proporciona prazer ou desprazer.

A natureza ensina a diversidade, a beleza, a bondade e assim criamos nossa verdade.

A vontade precisa nos dar uma direção para separarmos o joio do trigo.

Então neste caminhar criaremos deliberadamente nossas crenças, valores e princípios que nortearão nossas vidas.

4º.)Proporcionar conversas íntimas com nossos filhos.

Somo Seres Humanos que crescem, aprendem e evoluem.

Precisamos de apoio para entender a vida, esclarecer dúvidas que somente conversas íntimas com entrega/aconchego com muita confiança podem ser esclarecedoras.

Quando existe esta possibilidade dentro da família a vida para os adolescentes fica bem mais leve.

5º.)Proporcionar pequenas vitórias.

Todos querem ser reconhecidos e admirados.

Conheço muitas pessoas já adultas que o objetivo da vida é mostrar ao pai que é competente.

Não deveria ser assim.

Nossas escolhas devem ser livres e para nosso crescimento e para a evolução de nossa consciência.

Meu blog: marciaakahoshi.blogspot.com.br